quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Alguns pensamentos de D. Gabriel Couto (1)


- Jesus Cristo se apresenta aos olhos dos «homens» como único homem, Filho de Deus, verdadeiramente realizado, plenamente feliz.
- Felizmente o Filho de Deus se fez HOMEM para os «homens».
- É por Cristo, com Cristo e em Cristo que o «homem» pode realizar-se, entrando em comunhão de vida e de amor com o Pai, e no Pai, com o outro, consigo e com o universo.
- A Igreja subsiste, precisamente porque o Filho de Deus se fez homem por amor ao homem, padeceu e morreu por amor ao homem, ressuscitou e subiu ao céu por amor ao homem.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Recordações do Servo de Deus Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (3)

D. Gabriel esteve presente em todas as sessões do Concílio Vaticano II, participando com intervenções oportunas e inspiradas. Assimilou e traduziu em sua vida e ministério a novidade conciliar. D. Gabriel percebeu a necessidade de uma pastoral que fosse mais que uma simples ação civilizadora ou assistencial.  A pastoral deveria ser, na sua opinião, uma tradução concreta do amor de Cristo pelo povo.  Só com reverência a Jesus homem e salvador se pode levar o povo eleito a uma novidade absoluta de vida. Dizia ao povo da Diocese de Jundiaí: «Ao tomardes então consciência do mistério de Cristo, tereis descoberto o segredo da verdadeira promoção humana, seja individual seja socialmente considerada».  Promoção individual e social a partir da descoberta do amor de Cristo, eis o núcleo do seu ministério!  E apelava ao povo para que considerasse seriamente o chamado de todos à santidade.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Recordações do Servo de Deus Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (2)

O seu escudo episcopal revela a sua vida. Nele vemos de um lado o escudo da Ordem do Carmo tanto amada e jamais esquecida por este carmelita até a sua morte. No outro lado do escudo vemos uma cruz de cujo centro resplende o Cristo no mistério da sua encarnação e redenção.  Ao centro está uma estrela prateada, símbolo da Virgem Maria Imaculada. A sua espiritualidade estava aí representada: Cristo, o centro de toda sua vida de oração e pastoral; Maria, sua mãe e inspiração pela devoção à Imaculada Conceição. O lema, “Filius ancillae tuae”, revelava a sua disposição de servir a Deus na sua Igreja com a humildade de um filho de Nossa Senhora.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Recordações do Servo de Deus Dom Gabriel Paulino Bueno Couto

D. Gabriel Paulino Bueno Couto, cuja causa de beatificação está em andamento na Diocese de Jundiaí, era um frade carmelita de estrutura franzina mas de grande estatura espiritual. Quantos o conheceram guardam dele gratas e edificantes recordações. O cardeal Arns, testemunhou: «D. Gabriel era um homem que fez da sua vida uma oração! Não só quando ele estava ajoelhado, preso, fixo ao tabernáculo, mas também quando ele falava, ele estava rezando, quando andava, ele rezava, quando se comunicava conosco, ele estava rezando. Parece que a sua vida toda se transformou numa oração, como o sol que passa por tudo para renovar a existência de cada qual que entrasse em contato com ele».
Frade e pastor exemplar foi reconhecido desde cedo como um homem que colocou Cristo ao centro de sua vida. Talvez até por influência da espiritualidade do Sagrado Coração que inflamava Itu na sua infância. Itu, no estado de São Paulo, é o centro do Apostolado da Oração em São Paulo. Fato é que Cristo era o seu tudo! Ainda no leito de morte enviou uma mensagem aos presbíteros da Diocese de Jundiaí, SP, da qual foi o primeiro bispo diocesano: «Jesus é tudo para o padre». Mais que uma exortação era a memória de sua vida! 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Reflexão com o Servo de Deus Dom Gabriel Paulino Bueno Couto: DEUS É AMOR! (4ª parte)

Igreja, em Cristo, Revelação de "Deus-Amor"

     Igualmente a Igreja Católica, na qual subsiste a única e verdadeira Igreja de Cristo (cf. LG 8), foi constituída por Deus, como a perfeita "revelação do Deus-Amor".   De fato, a Igreja é "revelação do Deus-Amor", porque Cristo, cumprindo a vontade do Pai, estabeleceu-a "para a comunhão de vida, caridade e verdade"; instituiu-a "como instrumento de redenção de todos" e enviou-a "como luz do mundo e sal da terra" (LG 9). Perfeita "revelação do Deus-Amor" ainda, porque, como enfatiza o Vaticano II, ela vem "descrita, no Apocalipse (10,7;21,2.9;22,19) como a esposa imaculada do Cordeiro imaculado, amada por Cristo que por ela se entregou, a fim de santificá-la (Ef 5,26). 
     Associada ao Cristo por uma indissolúvel aliança, ele incessantemente 'a nutre e cuida dela' (Ef 5,29).   Enfim, tendo-a purificado, Cristo a quis sempre unida e sujeita a si no amor e fidelidade (Ef 5,24) cumulando-a de todos os bens celestiais". Desta forma, o Concilio realça a Igreja como "revelação do Deus-Amor", para que compreendamos a caridade de Deus e de Cristo para conosco, que ultrapassa todo entendimento (Ef 3,19; LG 6). 
     É neste contexto dinâmico da REVELAÇÃO DE DEUS-AMOR que se deve situar toda e qualquer obra ou ação de Deus "ad extra", com todos os seus pormenores, seja qual for a natureza, extensão e profundidade das divinas realizações.
     Em síntese, Deus se define Amor. O dogma da Santíssima Trindade é o mistério da vida íntima de Deus, de sua vida, por assim dizer, "ad intra": o mistério de Deus que ama e é amado em si mesmo. O UNIVERSO, na riqueza de sua realidade, revela o Deus-Amor que o criou por amor e por amor o conserva. Neste universo, surge o homem das mãos criadoras de Deus como "revelação de Deus-Amor", pois Deus o fez em comunhão com sua vida divina, como filho, destinando-o a participar de sua felicidade (DV 2; GS 22); o homem, então, por sua vez originalmente constituído em estado de justiça e santidade, "revelação de Deus-Amor", não só revela o Deus que ama, mas é capaz de responder positivamente, em seu nome e em nome de todo o universo, ao Deus-Amor. 
     Cristo Jesus entra na história do universo como a perfeita, exclusiva e definitiva "revelação de Deus-Amor".   Filho de Deus feito homem, ele "revela", seja a plenitude do Deus que ama o homem, e no homem todo o universo, seja a plenitude do Homem e no homem a plenitude do próprio universo, que ama Deus.  Por isso Nosso Senhor Jesus Cristo foi constituído "eterna revelação de Deus que ama e é amado". 
      É por Cristo, com Cristo e em Cristo que o homem indivíduo, recupera a sua verdadeira identidade, a de filho de Deus, perdida pelo pecado original; e pelo homem, com o homem e no homem, assim reconstituído, Cristo continua sendo a "revelação de Deus-Amor".
     E a Igreja, sociedade mística dos homens assim reconstituídos, continua sendo, e o será até o fim dos tempos, a "revelação do Deus-Amor", por, com e em Cristo, seu místico Esposo. 



(Extraído de: D. GABRIEL BUENO COUTO Bispo de Jundiaí. “O SACERDOTE O MATRIMÔNIO E A FAMÍLIA NO MISTÉRIO DA IGREJA DE CRISTO“, 1977)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Reflexão com o Servo de Deus Dom Gabriel Paulino Bueno Couto: DEUS É AMOR! (3ª parte)

Cristo, Revelação de "Deus-Amor“

      O Unigênito Filho de Deus, o "resplendor da glória e figura da substância do Pai" (Hb 1.3), "a imagem de Deus o Primogênito de toda criatura" (Cl 1,15; LG 2), assumiu, na realidade da sua Pessoa divina, a natureza humana, unindo-a a si, em substancial e santificante união.   Neste mistério do Filho  Unigênito  de Deus, Cristo Jesus, verdadeiro homem, com todas as suas potencialidades e dimensões, "ungidas" pela plenitude da filiação divina, está consumada, plena e definitivamente a Revelação de Deus-Amor (DV 1-6, etc.) 
     Pela  sua morte  e ressurreição,   Cristo   Jesus   tornou-se aquele "que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). Por ele, com ele e nele, o homem decaído poderá, agora, reconciliar-se com Deus. Unido a Cristo, o homem se torna filho de Deus e participa da incorruptível vida divina, que o Unigênito do Pai lhe comunica (cf. GS 18).   Em cada um dos redimidos, Cristo Senhor continua sendo, pelos séculos sem fim, a plena e acabada» "revelação  de Deus-Amor" (LG 1). 
(Continua...)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Reflexão com o Servo de Deus Dom Gabriel Paulino Bueno Couto: DEUS É AMOR! (2ª parte)

O homem é uma particular revelação de Deus-Amor

     O homem, desde o início da sua existência na terra, foi particularmente constituído revelação do Deus-Amor, porque "a razão principal   da   dignidade  humana  consiste  na  vocação   do homem para a comunhão com Deus...   e não vive plenamente segundo a verdade, a não ser que reconheça livremente aquele amor e se entregue ao seu criador" (GS 19). Vivendo, portanto, em comunhão com Deus, participando da vida divina, necessariamente o homem estará "revelando o Deus-Amor". 
     O Homem é "Revelação de Deus-Amor" pela sua natureza integralmente considerada. 
     Esta "propriedade" do homem de manifestar, por vocação, o  Deus-Amor e,  assim,  constituir-se  "revelação  do  Deus-Amor", o Concilio Vaticano II reconhece ao ser humano, não somente considerando um aspecto particular de sua realidade humana, mas atendendo à sua natureza integral:  "tota sua natura", o homem todo, por inteiro, com todos os seus valores e em todas as suas dimensões, é constituído "revelação de Deus-Amor", pois é nesse contexto de sua criação especial que o homem, com sua natureza inteira, é chamado a unir-se a Deus, na comunhão perpétua da incorruptível vida divina (cf. GS 18.21; D V 2). 
     Deus ao criar o ser humano o fez seu Filho e o estabeleceu num estado de justiça e santidade originais. Nesse estado, em que participa da natureza divina, o homem entra em comunhão de vida com Deus, comunhão essa estabelecida e dinamizada seja por forças inatas, enriquecidas, porém, por dons especiais transcendentes, seja principalmente por forças estritamente sobrenaturais (cf. GS 18-19). Assim constituído o homem revela de um modo ainda mais admirável o Deus-Amor! (cf. Sl 8). 
     O homem, porém, pelo pecado dos nossos primeiros pais ' (cf. LG 2; DV 3; GS 13; AA 7; IM 7), nasce com sua natureza decaída e maculada, em situação de pecado, privada que foi da justiça e santidade originais com todo o "conteúdo" dos valores transcendentes, próprios da vida de plena comunhão com Deus e ferida em suas qualidades naturais. Em tal estado a criatura humana deixa de ser "revelação de Deus-Amor", esvaziando-se da grandeza e dignidade em que fora originalmente pensada, querida e constituída por Deus (cf. GS 13).
 (Continua...)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Reflexão com o Servo de Deus Dom Gabriel Paulino Bueno Couto: DEUS É AMOR! (1ª parte)


DEUS É AMOR – Leitura da primeira carta de São João  (1 Jo 4, 7-13)
      Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor  vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus.  Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.
Nisto se tornou visível o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo, para dar-nos a vida por meio dele.   E o amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados.
Amados, se Deus nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros.   Ninguém jamais viu Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus está conosco, e o seu amor se realiza completamente entre nós.  Nisto reconhecemos que permanecemos com Deus, e ele conosco: ele nos deu o seu Espírito.

       Esta afirmação não deve ser tomada como simples e edificante arrebatamento idílico de alma mística. É revelação feita pelo próprio Deus  expressa em  termos  de história  do mundo, bíblica ou não, e definida, ainda sob a inspiração do mesmo Deus, pelo Apóstolo São João: "Deus é caridade" (1Jo 4,8.16). Tampouco a realidade divina assim definida poderia ser diferente daquela com que o próprio Deus se manifestou a Moisés: "Eu sou o que sou... Tu hás de dizer aos filhos de Israel: Aquele que é, me enviou a vós" (Ex 3,14). 
  Partindo desta definição, dada aos homens pelo próprio Deus, podemos deduzir a conclusão: o universo inteiro, com todos "'os elementos que o integram, a história do mundo e das coisas, mas principalmente a história dos homens, com suas fases de realização em todas as dimensões, nada mais são do que a pura e simples manifestação do Deus-Amor. 
      Ensina o Vaticano II: "Deus, pelo conselho de sua sabedoria e amor, ordena, dirige e governa o mundo todo e os caminhos da comunidade humana" (DV 3). Mais ainda: "O homem, se existe, é somente porque Deus o criou e isto por amor. Por amor (ele) é sempre conservado" (GS 19; cf. DV 3; LG 2).
(continua....)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Rápida biografia do Servo de Deus Dom Gabriel Paulino Bueno Couto

Biografia de D. Gabriel Bueno Couto, O. Carm.
Nasceu em Itu, Estado de São Paulo a 22 de junho de 1910. Filho de Porsino Camargo Couto e Gabriela Bueno Couto. Recebeu o nome de Paulino. Realizou seus estudos primários no Grupo Escolar “Cesário Mota”. Em 1923 entrou para o Seminário Arquidiocesano de São Paulo, em Bom Jesus de Pirapora, pela inexistência de um Seminário próprio dos carmelitas. Mais tarde transferiu-se para a Escola Apostólica Carmelita de Itu, então designada como marianato, onde completou os estudos das humanidades. Fez o noviciado em 1927 no convento do Rio de Janeiro, assumindo o nome de Frei Gabriel e professando os votos religiosos em 30 de dezembro de 1928, na chamada Província do Rio de Janeiro. Nesse convento também cursou o primeiro ano de filosofia. O segundo ano do mesmo curso o fez no novo convento de São Paulo, para onde foram transferidos os estudos superiores no inicio de 1930.  Chega a Roma no dia 7 de outubro de 1930. No período de 1930 a 1935, perfaz o curso de quatro anos de teologia no Studium Generale e aí obtém o leitorado em 1934. Diplomou-se em biblioteconomia pela Biblioteca Vaticana. Emitiu sua profissão solene na Ordem em 1931. É ordenado presbítero em 9 de julho de 1933. Inscreve-se na Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Gregoriana – Roma em 1934. Defende tese de doutorado em 1936. Celebra sua primeira missa solene no Brasil na matriz da Candelária de Itu a 24 de novembro de 1937. É professor na Faculdade Teológica do Studium Generale de 1938 a 1939. Professor também de filosofia no Instituto Pio XI, de propriedade da Ordem. Mestre (formador) dos estudantes por vários anos a partir de 1938; Vigário Prior do Colégio de 4 de novembro de 1943 a 1946; Assistente Geral da Ordem de 1946 até 1947, quando foi nomeado bispo titular de Leuce na Tracia, precisamente no dia 26 de outubro. Sua ordenação episcopal ocorreu em 15 de dezembro do mesmo ano na Igreja da Traspontina em Roma. Primeiramente bispo-auxiliar de Jaboticabal. A 15 de fevereiro de 1947 assume como bispo-auxiliar de Jaboticabal. Em 1948 constituiu o mosteiro “Flos Carmeli” ,dedicado à vida contemplativa, com religiosas carmelitas provindas da Holanda. É designado bispo-auxiliar de Curitiba, no ano de 1954, a pedido de D. Manuel d’Elboux, função esta que não pôde exercer em razão da precariedade de saúde, isto é, tuberculose pulmonar. Foi transferido como bispo-auxilliar para Taubaté (1956), quando esteve internado no Sanatório das Pequenas Irmãs de Maria Imaculada para tratamento de saúde, em São José dos Campos.  É designado para bispo-auxiliar da arquidiocese de São Paulo em 1965. Ocupou o cargo de Capelão Geral da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Pároco da paróquia universitária do Coração Imaculado de Maria, criada , em 1965, pelo cardeal arcebispo de São Paulo D. Agnello Rossi . No dia 21 de novembro de 1966 foi nomeado primeiro bispo titular de Jundiaí. Foi um dos redatores finais, em 1972, do documento dos bispos “Testemunho da paz” contra as prisões políticas e as torturas. À frente da diocese de Jundiaí veio a falecer em 11 de março de 1982.
(Cf Antonio Silvio da Costa Junior, “Bueno Couto, Gabriele Paolino, servo di Dio, vescovo O. Carm., 1910-1982”, in Dizionario Carmelitano, a cura di E. Boaga, O.Carm. e L. Borriello, OCD, Roma, 2008, 110). N.B. foram acrescentados ulteriores dados à biografia.